Níveis de CO2 em 2022 estão 50% acima daqueles da era pré-industrial

Observatório no Havaí registrou até maio uma média de 420,99 ppm do dióxido de carbono, que se manteve em torno de 280 ppm durante 6 mil anos antes da industrialização

Níveis de CO2 em 2022 estão 50% acima daqueles da era pré-industrial (Foto: Jerry Zhang/Unsplash)

Se o objetivo da luta contra as mudanças climáticas deve ser reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), estamos caminhando na direção contrária. Ao menos é o que indica o mais recente levantamento conduzido no Observatório de Linha de Base Atmosférica Mauna Loa, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.

Em maio, a medida de CO2 no local foi a mais alta de 2022: 421 partes por milhão (ppm), segundo anunciaram nesta sexta-feira (3) cientistas da NOAA e do Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia em San Diego. As medições no observatório, situado no topo do vulcão havaiano Mauna Loa, tiveram uma média de 420,99 ppm, aumento de 1,8 ppm em relação a 2021.

Esses números são aproximadamente 50% superiores àqueles registrados antes da Revolução Industrial. Segundo a NOAA, durante 6 mil anos de civilização humana, os níveis de CO2 se mantiveram constantemente em torno de 280 ppm. Do século 18 para cá, a humanidade já gerou cerca de 1,5 trilhão de toneladas do poluente, que continuarão a aquecer a atmosfera por milhares de anos.

Observatório situado no topo do vulcão Mauna Loa, no Havaí (Foto: NOAA)

Para ter ideia, os níveis atuais de dióxido de carbono são comparáveis ao Ótimo Climático do Plioceno, entre 4,1 milhões e 4,5 milhões de anos atrás, quando estavam próximos ou acima de 400 ppm. Naquela época, o nível do mar estava entre cinco e 25 metros mais alto do que hoje — o suficiente para afogar muitas das grandes cidades modernas.

“A ciência é irrefutável: os humanos estão alterando o clima de maneira que nossa economia e nossa infraestrutura devem se adaptar”, diz Rick Spinrad, administrador da NOAA, em comunicado. “Podemos ver os impactos das mudanças climáticas ao nosso redor todos os dias. O aumento implacável do dióxido de carbono medido em Mauna Loa é um lembrete gritante de que precisamos tomar medidas urgentes e sérias para nos tornarmos uma nação [os EUA] mais preparada para o clima”.

A poluição por CO2 é causada por práticas como queima de combustíveis fósseis, desmatamento, agricultura e geração de energia elétrica. “É deprimente que tenha nos faltado a força de vontade coletiva para retardar o aumento implacável do CO2”, lamenta Charles David Keeling, cientista do Instituto Scripps de Oceanografia. “O uso de combustível fóssil pode não estar mais acelerando, mas ainda estamos correndo em alta velocidade em direção a uma catástrofe global”.

Fonte: Galileu