A 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica – COP8 – acaba, mas a expectativa continua. De manhã, quem passava pelos corredores do Expotrade, em Pinhais, já sentia o clima de “final de festa”. Para os delegados e representantes das Partes (países envolvidos), a sensação parecia mais de ressaca. Depois de virar a madrugada nos Grupos de Trabalho, as reuniões pela manhã tentavam seguir em ritmo acelerado para cumprimento dos prazos, mas a exaustão era evidente.
*** Olhos inchados, cabelos despenteados e bocejos. Esse era o cenário das reuniões da COP8 em seu último dia. Mais uma vez, a exemplo da 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança – MOP3 -, a reunião chega ao fim com muitas frustrações por parte de vários grupos.
*** A questão da repartição de benefícios, uma das decisões mais esperadas da COP8, em que as comunidades tradicionais e os países detentores dos recursos genéticos recebem os lucros gerados pela comercialização do produto final, ainda não foi resolvida. Mas foi estabelecido o prazo limite até 2010 para que os países estabeleçam suas regras.
*** A proibição do comércio de sementes estéreis (Terminator) e árvores geneticamente modificadas agradou a comunidade ambientalista. Somente o estudo com estas tecnologias foi permitido.
*** Além do desafio de implementar as decisões, a Convenção da Diversidade Biológica deve enfrentar outro ainda mais difícil: o de manter as doações dos países desenvolvidos para o Fundo Mundial para o Meio Ambiente – GEF – (Global Environment Facility). Alguns investidores já se mostraram menos dispostos e desapontados com os resultados obtidos.
*** Muitos litros de água foram necessários para regar as discussões durante as três semanas de realização das Conferências da ONU, a MOP3 e a COP8. Diversos bebedouros estavam dispostos pelos corredores entre as salas onde eram realizadas as conferências.
*** A Via Campesina despediu-se da COP8 com um protesto. De acordo com a organização do movimento, cerca de mil manifestantes participaram do ato em frente ao Expotrade. Os ônibus que chegavam com os delegados passavam por um corredor de manifestantes de bandeiras em punho e eram vaiados. A intenção do protesto era pressionar os delegados que se dirigiam à Conferência para o dia decisivo, em que estavam em pauta as questões mais polêmicas como a plantação de árvores transgênicas, conservação de riquezas naturais em ilhas, entre outros.
*** As mobilizações da Via Campesina parecem ter surtido efeito. Segundo divulgação do Greenpeace, as vitórias quanto à tecnologia Terminator e à proibição de árvores transgênicas são méritos do movimento.
*** Ambientalistas avaliaram o resultado da COP8 como um fracasso, alegando poucos avanços, mas o Ministério do Meio Ambiente contesta, dizendo que pontos polêmicos entraram em pauta com acordos entre as partes. Não há de se negar que os temas ganharam maior visibilidade e quem sabe, na próxima edição da Conferência, que será realizada em 2008, na Alemanha, as discussões tenham evoluído um pouco mais. A participação recorde de ministros de Meio Ambiente, 122 no total, pode ser um sinal de que o assunto está ganhando cada vez mais espaço.
*** Até o fechamento desta edição, às 22h30 de sexta-feira, não havia terminado a plenária que tornaria oficiais as decisões da COP8.
(Danielle Jordan / AmbienteBrasil)