O site da campanha da Frente de Esquerda (PSOL, PSTU e PCB) não traz a plataforma de governo da candidata Heloísa Helena. Mas o Psol, seu partido, divulga um programa em que consta o seguinte item:
Pela preservação do meio ambiente
“A construção de um ideário de superação do processo capitalista reúne hoje, além dos tradicionais pressupostos socialistas, um grande impulso ainda mais vital ligado à questão ecológica. Esse fator pode contribuir decisivamente na reorganização dos trabalhadores internacionalmente.
Tendo claro que as forças de destruição irracionais acumuladas pelo sistema ameaçam o conjunto da humanidade e da vida no planeta, de tal forma que a luta contra o capitalismo significa a luta em defesa da ecologia, do meio ambiente e da vida, o novo partido elaborará sua plataforma ecológica com a intervenção direta do movimento ecológico nos próximos meses.”
Na falta de propostas sistematizadas, AmbienteBrasil optou por pesquisar, no site da candidata, notícias produzidas por sua assessoria que pudessem fornecer ao leitor ao menos uma noção do pensamento de Heloísa Helena quanto às questões ambientais.
Uma destas notícias informa que, no dia 09 passado, a senadora defendeu, no Acre, a criação de uma instituição do porte da Petrobras, para estudar a biodiversidade da Amazônia. Ao visitar os estados do Acre e Rondônia, ela testemunhou as fortes nuvens de fumaça em razão das queimadas indiscriminadas.
”Nenhuma região pode ser condenada à exploração predatória quando existem mecanismos para geração de empregos e produção de alimentos com base na sustentabilidade, afirmou Heloísa Helena, acrescentando ser urgente a criação de uma instituição para exploração dos recursos da biodiversidade. “No ciclo do petróleo, o Brasil criou a Petrobras, hoje é preciso criar uma instituição desse porte, de pesquisa e tecnologia, que seja poderosa o suficiente para desenvolver o ciclo da biodiversidade da Amazônia.”
Segundo a candidata, “o Brasil não pode continuar discutindo desenvolvimento sustentável, prioridades de investimento e de utilização de nossos recursos de maneira errônea e atrasada como faz hoje. Na Amazônia temos 60% de todo o material genético do mundo e a fase atual de crescimento das nações passa pelo conhecimento e utilização da biodiversidade. E nós temos tanto e cuidamos tão mal, além de ficarmos discutindo modelos de desenvolvimento já em desuso no mundo”, disse.
A senadora discorda do projeto de construção das usinas de Santo Antonio e Jirau, no rio Madeira. “Se temos outras formas de energia, mais limpa, menos agressivas ao meio ambiente, não podemos deixar de avançar nesse sentido. E o que não falta são os meios. Temos possibilidade de gerar energia eólica, solar o biodiesel, com mais geração de empregos e menos comprometimento ambiental”.
Em sua avaliação, o Brasil precisa criar um novo modelo para a Amazônia, cada vez mais submetida a uma exploração predatória. “O aumento da importância dessa região, por seu potencial hídrico, energético, alimentar, mineral e genético, pede urgência. É preciso criar poderosas instituições nacionais que integrem e coordenem o trabalho de milhares de pesquisadores e cientistas capazes de conceber e consolidar, junto com as populações locais, um modelo inteligente, moderno e sustentável para o desenvolvimento da região.”
A notícia prossegue aqui reproduzida textualmente:
“A biodiversidade é a grande riqueza nacional, mas o Brasil insiste em destruir a sua galinha dos ovos de ouro. Só na Amazônia existem 55 mil espécies de plantas, 428 de mamíferos, 1.622 de aves, 467 de répteis e 516 de anfíbios. Mas, até hoje a Amazônia convive com as suas 7 pragas: fogo (perdas de US$ 121 milhões por ano); madeireiras (mais de 3 mil empresas cortam nossas árvores. Para cada unidade retirada, os madeireiros danificam pelo menos outras quinze); estradas (mais de 80% das queimadas acontecem perto das rodovias); garimpos ( poluem os rios, devastam reservas ambientais e levaram a AIDS para as aldeias indígenas); pastagens ( cerca de 12% da Amazônia já virou pasto); corrupção (a operação Curupira, realizada em junho, prendeu 47 funcionários do Ibama envolvidos na exploração ilegal da floresta); burocracia (dos R$ 539 milhões em multas aplicadas em 2004, apenas R$ 63 milhões foram pagos e apenas R$ 3 milhões ficaram com o Ibama).”
Outra notícia da assessoria de Comunicação, do dia 22 de setembro, informa que César Benjamin, candidato a vice-presidente pela coligação, participara, no dia anterior, do “Fórum Especial Projeto de Brasil – Opções de País e Opções de Desenvolvimento”, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Depois de um diagnóstico bastante crítico ao panorama atual, César Benjamin defendeu um outro modelo para o Brasil, com vários itens ligados preferencialmente à educação e ao crescimento econômico. No quesito meio ambiente, foi citada a seguinte proposta:
“Integração da Amazônia – Criar poderosas instituições nacionais que integrem e coordenem o trabalho de milhares de pesquisadores e cientistas capazes de conceber e consolidar um modelo inteligente, moderno e sustentável da região.”
Já no manifesto Por uma Alternativa para o Brasil – Contra os banqueiros, o Imperialismo e os políticos corruptos, por meio do qual a Frente de Esquerda lançou a candidatura da senadora Heloísa Helena à presidência da República, há apenas uma menção à conservação ambiental, na parte que trata da participação popular nas decisões de Governo:
“Com o propósito de conquistar a verdadeira soberania popular no Brasil, a Frente de Esquerda anuncia que, no governo da companheira Heloísa Helena, o povo brasileiro será chamado, através de uma intensa jornada de mobilizações, a decidir e dar a última palavra sobre: as relações com o imperialismo (FMI, ALCA, etc.); as dívidas externa e interna e a necessidade de uma verdadeira independência nacional; a reforma agrária e urbana e um novo estatuto sobre a propriedade da terra; o valor do salário mínimo e as prioridades orçamentárias; os parâmetros para a preservação da ecologia; etc.”
Confira o programa do Psol no site do partido.
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propostas de Luiz Inácio Lula da Silva;