O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse nesta quarta-feira (2) que vê o mecanismo de desenvolvimento limpo como uma boa oportunidade de investimentos e geração de emprego. Ao participar da solenidade de aprovação dos primeiros projetos no âmbito do mecanismo de desenvolvimento limpo, na sede da CNI – Confederação Nacional da Indústria, Furlan afirmou que a certificação dos dois projetos aprovados pela Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima é o início de uma série.
Segundo ele, existe a possibilidade de que, daqui a dez anos, o Brasil tenha uma receita anual de até US$ 2 bilhões oriundos de transações de créditos de carbono. “Esperamos que fazendo uma certificação rigorosa e exigente, possamos oferecer um produto de primeira qualidade no mercado mundial”, disse o ministro.
Furlan afirmou que vê uma luz promissora para a adesão da Rússia ao Protocolo de Kyoto, que prevê uma redução de 5% dos gases emitidos entre 2008 e 2012, tomando por base 1990. Segundo ele, a assinatura da Rússia permitirá que o protocolo entre em vigor, porque uma das pré-condições para isso é que os países signatários representem 55% das emissões totais do efeito estufa de 1990, e Estados Unidos e Austrália decidiram que não vão aderir.
Apesar de o Brasil não ter compromisso de redução de carbono pela sua industrialização recente, o ministro disse que o país pode ser beneficiário do mecanismo de desenvolvimento limpo. “Vejo com grande ânimo o Brasil como um protagonista do meio ambiente e também de um universo limpo, fornecendo créditos de carbono e combustível renovável para o mundo inteiro.”
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que também participou da cerimônia na CNI, destacou a necessidade de uma cooperação multilateral para permitir o enfrentamento adequado dos efeitos das mudanças climáticas e disse que desenvolvimento e meio ambiente podem andar juntos.
O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, destacou a importância da aprovação dos projetos para a indústria brasileira e para o ingresso do país no esforço mundial de redução dos gases causadores do efeito estufa.
Os projetos da Nova Gerar, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, e da Veja, em Salvador, consistem na transformação de lixões em aterros sanitários controlados e foram analisados pelos integrantes da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima. De acordo com estimativas divulgadas pelo ministério, os projetos deverão reduzir as emissões de gás carbônico em 30 milhões de toneladas no período de 10 anos. Isso pode representar US$ 150 milhões no mercado de créditos de carbono.
Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, os projetos serão agora submetidos ao Conselho Executivo Internacional, em Bonn, na Alemanha. A partir daí, poderão negociar a venda dos créditos com empresas de países que precisam reduzir a emissão de carbono. Campos lembrou que, a partir de 2005, as empresas européias precisarão cumprir metas de redução do gás.
Na avaliação do presidente da CNI, a intensificação do comércio internacional de certificados de redução de carbono é uma oportunidade excelente para que países como o Brasil se incorporem ao esforço mundial de redução das emissões dos gases causadores do efeito estufa e, ao mesmo tempo, sejam beneficiados com a absorção de novas tecnologias e com o aumento da eficiência de processos produtivos.
O ministro da Ciência e Tecnologia, que preside a comissão interministerial, informou que existem outros 11 projetos para serem analisados pelo governo. (Agência CNI)