Termina neste sábado (30) o período de interdição da pesca da lagosta – o chamado defeso – para permitir a reprodução dos crustáceos. Depois de quatro meses em que a fiscalização foi feita pelo Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis, 3.500 barcos em todo o Ceará vão voltar ao mar para mais oito meses de atividade. Em Fortaleza, a movimentação na praia do Mucuripe começou cedo. É de lá que parte uma boa parte dos lagosteiros.
Este ano, a novidade é a liberação do uso da caçoeira, uma espécie de rede que torna a pesca mais lucrativa, mas que era proibida por lei desde 2002. Por ser uma rede, a caçoeira é considerada prejudicial à espécie porque retém nas malhas lagostas pequenas que ainda não se reproduziram. Por isso, a autorização para o seu uso foi condicionada a uma regra: as malhas não podem ter menos de 12 centímetros.
A alternativa permitida até agora era o manzuá, uma espécie de armadilha, em forma de gaiola, onde só as lagostas maiores ficam presas. Mas para a maioria dos pescadores é uma ferramenta pouco rentável.
“É muito cara e pega pouca lagosta por vez”, justifica João Manoel, que pesca desde a adolescência. Ele reconhece, porém, que a quantidade de lagosta aumentou com a proibição da caçoeira. Por isso, alguns vêem a liberação com desconfiança. No futuro, o prejuízo pode ser maior, receia José Manoel.
Mesmo assim, a atividade lagosteira ainda é uma das que impulsionam as exportações cearenses, mas, ao contrário do camarão, que pode ser criado em cativeiro, com grande rentabilidade, a lagosta precisa ser pescada no mar. O Ceará é o maior exportador de lagosta do país, respondendo por 41% de toda a produção brasileira. (Olga Bardawil/ Agência Brasil)