A União Européia e seis potências mundiais deram nesta quarta-feira (24) sinal verde para a construção, a partir de 2016, do maior reator experimental de fusão nuclear do mundo, o Iter, com orçamento inicial de 5 bilhões de euros.
O projeto científico internacional é o maior do mundo e tem suas origens em 1988. O programa prevê a participação de UE – União Européia, Japão, Estados Unidos, China, Rússia, Coréia do Sul e Índia, aglutinando esforços na pesquisa da fusão nuclear.
Do custo inicial para a construção do Iter, em valores do ano 2000, a UE financiará cerca de 50% (dos quais a França entrará com 10% e os 40% restantes ficarão a cargo da Comissão Européia – CE).
Nos 30 anos de construção e exploração do reator experimental, que se tornará operacional até 2036 e onde trabalharão dois mil cientistas, a UE destinará ao projeto cerca de 10 bilhões de euros.
No orçamento total, estão incluídos os custos do desmantelamento do reator e de ações de segurança ambiental na cidade francesa de Cadarache (sudeste do país), onde será erguido, após o período de exploração.
A fusão nuclear produz energia do mesmo modo que o sol e outras estrelas. Pesquisas científicas já mostraram que a reação pode ser reproduzida na Terra, e essa é uma das apostas como tecnologia do futuro para gerar energia elétrica renovável, limpa e barata, com variadas aplicações.
O potencial da fusão nuclear “é enorme” para a UE, assegurou o diretor do programa de pesquisa em energia da CE, Pablo Fernández Ruiz. Ele lembrou que a Europa importa 50% de sua energia do exterior e, caso a tendência atual seja mantida, o percentual aumentará para 70% até 2030.
Com a fusão nuclear, que permite unir de forma ordenada átomos de hidrogênio, a Europa poderia diminuir consideravelmente sua dependência energética em relação ao exterior.
No Iter (Reator Experimental Termonuclear Internacional), os pesquisadores internacionais estudarão a obtenção de energia através da fusão nuclear por um longo período de tempo. Isso permitiria construir centrais elétricas de produção contínua, limitando a dependência de energia.
A assinatura do acordo encerra as intensas negociações sobre o projeto. O Japão havia desistido de instalar o reator na cidade de Rokkasho-Mura.
Em 1988, cientistas e analistas da Comunidade Econômica Européia, dos Estados Unidos, da União Soviética e do Japão deram a partida no projeto de desenvolvimento de um reator experimental termonuclear, que deveria ter ficado pronto no final de 1990.
A cooperação entre os três países e a CEE (atual UE) recebeu o apoio da Agência Internacional de Energia Atômica. Esse foi o primeiro passo para explorar e comercializar a fusão termonuclear como fonte energética inesgotável e limpa. (Efe/ Estadão Online)