A Comissão européia – órgão executivo da União Européia (UE) – propôs metas de redução de CO2 para os carros em função do peso. De acordo com a meta fixada pela UE em fevereiro, os carros novos vendidos na Europa em 2012 devem emitir em média 120 gramas de CO2 por quilômetro, contra aproximadamente 160 gramas atualmente.
Os próprios construtores deverão reduzir as emissões dos motores a 130 gramas e as outras dez gramas devem ser evitadas com melhora dos pneus, sistemas de climatização mais econômicos, adoção de indicadores de mudança de velocidade ou aumento do uso de biocombustíveis.
A meta de 130 gramas, no entanto, é apenas uma média para o conjunto do parque automobilístico. O debate opõe os países produtores de pequenos carros, menos poluentes (França, Itália, Espanha, Romênia), apoiados pelos países sem produção industrial (Holanda), aos produtores de grandes automóveis – como os modelos 4X4 – e carros esportivos mais poluentes (Alemanha e Suécia).
Segundo estudo da ONG “Transporte e Meio Ambiente”, os motoristas franceses e italianos (PSA, Renault, Fiat) emitiram 144 gramas em média em 2006, contra 173 gramas para os alemães (BMW, Volkswagen, DaimlerChrysler).
Além disso, enquanto os primeiros reduziram suas emissões em 1,6% entre 2005 e 2006, só a Daimler aumentou as suas em 2,8%, o que leva os franceses a alegar que os alemães devem fazer mais esforços.
“Ninguém quer matar a Porsche ou a Mercedes, mas elas devem fazer um esforço maior. É mais fácil reduzir um grama num carro que produz bastante CO2 e repassar o custo num veículo de 200 mil euros”, disse uma fonte ligada ao caso.
Mas, segundo fontes européias, a comissão proporá metas diferenciadas em função dos pesos dos carros, como queriam os construtores alemães, em vez de outros parâmetros técnicos como a distância entre os eixos no veículo.
“O peso é o método mais simples de ser adotado”, segundo Sigrid de Vries, da Acea (Associação Européia de Fabricantes de Carros, na sigla em inglês). Ao contrário, para Jos Dings da “Transporte e Meio Ambiente”, o critério é “contraproducente”. “Os construtores fracassaram em reduzir o peso dos modelos e o consumo de combustível não diminuiu”, destacou.
Ainda faltará traçar esta curva que determinará a meta de emissão de CO2 de acordo com o peso dos veículos.
Outro ponto a ser discutido: as multas que serão aplicadas aos construtores que não atingirem suas metas em 2012. “Se os construtores não respeitarem o valor limite, terão de pagar uma multa. Caso contrário, o sistema não terá credibilidade”, advertiu o presidente da Comissão européia, José Manuel Barroso. Há rumores de diversas tarifas circulando no mercado, de 30 a 90 euros por grama de CO2 por veículo vendido.
A idéia seria aplicar penas progressivas a partir de 2012. Mas os franceses querem também um preço do grama diferenciado em função do nível das emissões e do número de veículos vendidos.
Esses pontos só serão definidos na reunião dos comissários de 19 de dezembro. O encontro será apenas o início de um processo legislativo. Em seguida, a proposta deverá ser adotada em comum acordo pelo Parlamento Europeu e o Conselho dos ministros da UE.
(Fonte: Folha Online)