“No caso dos congressistas fica bem claro a situação. Se o assunto não estiver na boca do povo, se o executivo não tomar a iniciativa, não são eles que vão puxar o tema”, afirma a cientista social Samyra Crespo, organizadora da pesquisa qualitativa, que contou com financiamento da Embaixada Britânica no Brasil.
O trabalho ouviu 210 lideranças das áreas da mídia, do Congresso Nacional, das ONGs e da iniciativa privada.
No caso dos políticos brasileiros (foram ouvidos 30 no total, divididos em quatro do Senado, seis de Assembléias Legislativas e 20 da Câmara dos Deputados), fica evidente a posição constatada pelo trabalho.
Do total da amostra, 16 disseram que cabe ao governo federal tomar a dianteira para a mitigação das mudanças climáticas. Apenas dois disseram que isso é papel do próprio Congresso Nacional. Além de sete omissões, receberam votos nessa pergunta as universidades (2), os empresários (2) e os proprietários de terra (1).
A tabulação das respostas dadas pelos políticos brasileiros também mostra um certo desconhecimento da classe com o tema das mudanças climáticas.
Ao responderem a pergunta “Como considera o seu grau de conhecimento sobre as mudanças climáticas”, apenas um disse que é bastante abrangente. Outros nove responderam “bom, mas incompleto”, 18 disseram explorando e aprendendo mais e um admitiu que conhece pouco do tema.
Dos 21 que responderam sobre quando eles ouviram falar pela primeira vez da questão climática, 18 disseram a partir dos anos 1990. Os outros três já conheciam a questão antes.
Segundo Crespo, a iniciativa privada, mostra a pesquisa, também aguarda um posicionamento do governo federal para agir com mais ímpeto.
“Os empresários querem, na verdade, saber mesmo quanto tempo eles terão para começarem a reduzir suas emissões (de gases que contribuem para o efeito estufa)”, afirma Crespo.
E isso, segundo ela, depende de uma sinalização que só pode ser feita por uma política nacional de mudanças climáticas. (Fonte: Eduardo Geraque/ Folha Online)