Os aumentos dramáticos de temperatura que encerraram a última Idade do Gelo foi seguida de picos dos níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, de acordo com um novo estudo divulgado nesta quarta-feira (4). A pesquisa, liderada pela Universidade de Harvard e o Serviço de Pesquisa Antártica do Reino Unido, reforça a tese de que as atuais tendências de alta das temperaturas globais são causadas pela ação humana.
Os autores do estudo mostram que a concentração atmosférica de gases de efeito estufa aumentaram mais que 40%, e logo depois as temperaturas globais aumentaram 3,5 graus Celsius. O que mais impressionou os cientistas, no estudo, é que quando os dados foram colocados em um gráfico, eles aumentam, se estabilizam e aumentam de novo de maneira muito semelhante, com uma pequena defasagem – em um prazo de 6000 anos, o aquecimento acompanhou de maneira bastante consistente o aumento da emissão de CO2, como as teorias científicas afirmavam.
Até agora, nenhum estudo tinha confirmado tamanha sincronia entre os fenômenos. Em alguns casos, parecia que as temperaturas aumentaram antes do aumento dos níveis de CO2, um dado muito usado pelos chamados “céticos do clima” para refutar que os fenômenos tivessem ligação.
Estudos mundiais – A questão é que estudos anteriores observaram apenas os níveis de dióxido de carbono e temperaturas da Antártida, e não do mundo todo. Mas o novo estudo, publicado na edição desta semana do periódico científico Nature, estimou as temperaturas globais usando 80 padrões diferentes – amostras de gelo e lama de diferentes pontos do mundo – e provou que globalmente, as temperaturas só subiram após o aumento do aumento dos níveis de dióxido de carbono.
“Para mim, essa é a prova cabal da conexão entre gases estufa e aquecimento global,” afirmou o autor Jeremy Shankun, de Harvard.
Existem duas fontes principais de CO2, o principal gás de efeito estufa: a fonte natural vem principalmente de plantas e animais mortos, e foi isso que causou o fim da Era do Gelo. Atualmente, as emissões provenientes da queima de carvão, gás, petróleo e outros combustíveis fósseis adicionam ainda mais dióxido de carbono ao que já existe naturalmente na atmosfera.
Segundo os dados, o aquecimento na Antártida ainda parece ter acontecido antes do aumento do CO2, mas de acordo com Shankun, há uma razão para isso: quando a última Idade do Gelo estava no seu auge, há 25.000 anos, a camada de gelo se estendia até as latitudes de Nova York e era tão grande que era instável, afirmou o coautor Peter Clark, da Oregon State University.
O que teria acontecido – Mas qual teria sido o gatilho inicial para o derretimento? Uma pequena e previsível diferença na órbita da Terra em torno do Sol, que causou uma inclinação em direção à estrela que levou mais luz solar ao Hemisfério Norte, causando o derretimento do gelo e mandando quantidades tremendas de água doce aos oceanos.
Isso alterou a circulação global dos mares, que por sua vez aqueceu as águas mais ao sul, derretendo as camadas de gelo meridionais em áreas que concentravam mais CO2, o que causou a emissão de grandes quantidades do gás, que por sua vez ampliou o aumento das temperatura, de acordo com Shankun.
Há 11000 anos, a Idade do Gelo havia acabado e os níveis de gases estufa, bem como as temperaturas, se estabilizaram. A situação começou a mudar com a Era Industrial e o uso crescente de combustíveis fósseis.
Os níveis de CO2 na atmosfera aumentaram no século passado de maneira semelhante ao que aconteceu ao longo de seis mil anos, explicou Shankun.
Estudiosos que não estiveram envolvidos com a pesquisa, como Richard Alley, da Penn State University, chamaram a descoberta de um avanço significativo no estudo das mudanças climáticas. Alley afirmou: “Pode ser um jeito de explicar as coisas em um mundo que quer respostas rápidas”. (Fonte: Portal iG)