O prêmio Nobel de Química em 2010, o japonês Ei-ichi Negishi, falou nesta quarta-feira sobre uma possível solução para reduzir o aquecimento global, através de um processo de catálise do dióxido de carbono (CO2) para “reciclá-lo”, diminuir seu nível de oxidação e transformá-lo em combustível.
Em entrevista coletiva dentro do programa de divulgação científica da Universidade de Santiago de Compostela (USC, noroeste da Espanha), Negishi ressaltou que esta possibilidade constitui “uma das maiores tarefas” da ciência.
“A natureza, ou Deus, esteve fazendo isso sempre com o CO2 e a água pelo processo natural da fotossíntese, transformando gases em hidrocarbonetos mediante um processo biológico”, disse o pesquisador.
Ele destacou que com o ritmo de crescimento da população mundial, em 200 anos seria necessário outro planeta para poder alimentar a todos com os métodos tradicionais da agricultura.
Ao ser perguntado sobre as previsões de que o ritmo atual de aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera pode levar o planeta a uma mudança climática de consequências imprevisíveis, Negishi ressaltou que “o CO2, utilizado com água, poderia ser transformado em combustível”.
Segundo o cientista, precisamos estar preparados para um aumento da população mundial nos próximos anos, tanto mediante um aumento da produção de alimentos de maneira tradicional, que absorvem os gases da atmosfera, como recorrendo a procedimentos “sintéticos” para evitar o fenômeno do aquecimento global.
Negishi, agraciado com o prêmio Nobel por desenvolver reações com catalisadores de paládio para criar compostos químicos, ressaltou que o CO2 poderia se transformar em uma fonte de energia se puder ser reciclado.
O dióxido de carbono tem tal nível de oxidação que, em si, não pode servir de combustível, mas uma vez rebaixado a monóxido de carbono, metanol ou metano, poderia servir para tal propósito, explica o cientista.
Ele também afirma que apesar dos processos de catálise serem muito caros, por causa dos materiais utilizados – como o ouro, platina, irídio, paládio ou prata – que têm um elevado valor de mercado, a biossíntese poderia abrir novas perspectivas. (Fonte: Portal Terra)