O congelamento recorde das águas na costa da Antártica, registrado no último inverno, foi causado por alterações nos padrões de vento da região. A explicação é de um estudo feito por especialistas do Programa Antártico Britânico e da Nasa e publicado neste domingo pela revista científica “Nature Geoscience”.
Devido à mudança climática, os verões têm registrado degelos recordes das águas polares, principalmente na região ártica. Em geral, os últimos anos registraram grande perda de gelo no Ártico, enquanto o volume gelo antártico teve um pequeno aumento.
O atual estudo comprovou que as diferenças acontecem porque as duas regiões polares têm padrões de ventos distintos. Enquanto o Polo Norte fica em um oceano cercado por terra, a Antártica é um continente rodeado por oceanos por todos os lados.
O aquecimento das temperaturas, que no Ártico provoca o derretimento do gelo, gera ventos mais fortes na Antártica. Esse vento sopra em direção ao norte e leva o gelo que se formou na costa do continente. Dessa forma, a crosta de gelo acaba abrangendo uma área maior do que o que acontecia 20 anos atrás.
Segundo Paulo Holland, pesquisador do Programa Antártico Britânico que liderou o estudo, essa é a primeira vez que dados de satélite confirmam uma hipótese que já havia sido especulada por modelos de computador.
As mudanças apontadas pela pesquisa afetam não só a Antártica, como também todo o oceano em volta. O gelo polar é importante tanto na reflexão do calor do sol quanto como um lar para várias espécies, e esse desequilíbrio representa uma séria ameaça ambiental. (Fonte: Globo Natureza)