Palmeira Juçara: emprego e renda

A conservação do bioma Mata Atlântica e geração de emprego e renda a partir do uso sustentável da Palmeira Juçara são temas da Oficina de Elaboração do Plano de Melhoria da Cadeia de Valor da Polpa dos Frutos da Palmeira Juçara, que acontece até quarta-feira (5), em Porto Alegre (RS). A atividade é uma promoção da Rede Juçara – conjunto de organizações e produtores que trabalham com o uso sustentável da espécie nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro -, e conta com o apoio do Programa Projetos Demonstrativos (PDA) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e da Agência de Cooperação Internacional Alemã (GIZ).

“Queremos aprofundar o diálogo do Ministério do Meio Ambiente com os vários atores da sociedade, iniciativa privada e instituições de pesquisa de modo que seja aprimorada toda a cadeia produtiva da Palmeira Juçara, produto da sociobiodiversidade desse importante bioma que é a Mata Atlântica”, destaca a assessora da Gerência de Agroextrativismo da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA , Cláudia Souza, que representa o ministério no encontro. Conforme ela detalha, o objetivo da oficina é elaborar um plano de melhoria para a cadeia produtiva da palmeira, com a análise das oportunidades, gargalos e prioridades de ações. Os produtos da sociobiodiversidade são resultado de atividades locais com agregação de valor e conservação do meio ambiente.

Estratégias – Ainda segundo assessora da Gerência de Agroextrativismo, a elaboração do plano de melhoria da cadeia produtiva da espécie tem como base um conjunto de ações já efetivadas, como o mapeamento individual da cadeia em cada Estado, identificação e definição de territórios estratégicos, definição de potencialidades e elaboração de diretrizes técnicas para boas práticas de manejo da espécie. “Estas ações foram efetivadas a partir de um processo de articulação e construção participativa com a realização de duas oficinas interestaduais”, aponta Cláudia Souza. Dessa forma, ela espera que esse fruto da sociobio seja melhor trabalhado pelos agricultores familiares, com a conservação do meio ambiente e agregação de valor aos subprodutos da planta.

Participam da oficina organizações de agricultores familiares, comunidades, empresas e cooperativas envolvidas com a produção, beneficiamento e comercialização da polpa de juçara. Além de organizações de apoio à cadeia de valor (assessoria técnica, extensão e pesquisa), gestores e técnicos públicos estaduais e federais, representantes do Plano Nacional da Sociobiodiversidade e lideranças representativas de outras cadeias da sociobiodiversidade.

Usos diversos – Espécie nativa da Mata Atlântica, a palmeira é historicamente explorada para produção de palmito em conserva. Porém, com a crescente demanda pelo consumo do palmito, a planta surge como espécie ameaçada de extinção em florestas nativas do bioma. “Há uns 50 anos o principal uso da palmeira era para a produção de palmito porém, há algum tempo, vem sendo trabalhada a polpa da palmeira para diversos usos já que, ao ser retirada, preserva a espécie nativa nas florestas e não destrói a planta como acontece quando é retirada a matéria-prima para o palmito”, explica Cláudia. Hoje, a polpa vem sendo amplamente utilizada para alimentação e culinária.

Dessa forma surge nova alternativa aos pequenos produtores e comunidades rurais para a exploração da espécie, que muito se assemelha ao açaí, com a extração e da polpa e dos frutos para reaproveitamento. “Tudo isso levou a região à uma nova visão da espécie, ao invés de matar a planta, usa-se a polpa, alternativa mais viável”, finaliza a representante do MMA. “Sem contar no potencial da espécie como ferramenta estratégica para a conservação do bioma Mata Atlântica e para o desenvolvimento social de diversas regiões”. (Fonte: Sophia Gebrim/ MMA)