Pesquisadores alemães constatam que mulheres consomem em geral menos carne e produtos lácteos, ajudando a reduzir a emissão de CO2. Se homens fizessem o mesmo, 15 milhões de toneladas do gás seriam economizados por ano.
As mulheres se alimentam melhor do que os homens e, com isso, preservam o meio ambiente. É o que constata um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Halle-Wittenberg, na Alemanha. Dados confirmam que se homens comessem como mulheres, 15 milhões de toneladas do gás carbônico seriam economizados. Os resultados mostram também que, além da grande diferença entre os padrões de consumo dos dois sexos, os hábitos masculinos ocasionam um impacto de maior proporção para o aquecimento global.
O estudo teve como objetivo principal quantificar as emissões relacionadas a alimentos de origem vegetal, tendo como base o fator sócio-demográfico da população avaliada. “Por serem produzidos com maior intensidade, diferentes alimentos de origem animal ou vegetal desempenham um papel relevante na avaliação dos impactos ambientais da nutrição humana”, revela Toni Meier, chefe de pesquisas do Departamento de Agronomia Geral e Agricultura Orgânica da Universidade Martin Luther, em entrevista à Deutsche Welle.
Segundo Meier, estas diferenças são causadas principalmente pela maior participação de produtos de carne na dieta habitual dos homens, enquanto quase a metade da dieta feminina é composta de frutas e legumes. Se os homens mudassem sua alimentação nesse sentido, haveria uma redução de 12% do CO2, 60 mil toneladas de amônia seriam emitidos a menos, e 94 milhões de metros cúbicos a mais de “água azul” (da torneira) ficariam disponíveis.
Como a pesquisa foi realizada – Os efeitos de diferentes padrões de alimentação foram comparados com o último levantamento de consumo na Alemanha, realizado em 2006. A análise nutricional baseou-se em entrevistas com 20 mil pessoas. Avaliaram-se taxas relacionadas ao aquecimento global, incluindo as emissões procedentes do uso direto do solo. Entre os alimentos típicos alemães analisados estavam tanto os de origem animal, carne, laticínios, ovos e peixe, como vegetais, grãos, frutas, batata, margarina, óleos e derivados do açúcar.
Com relação ao impacto causado pelo efeito estufa, as emissões de amoníaco, produto utilizado na fabricação de fertilizantes, são encontradas em quantidade bem mais baixa nos produtos geralmente consumidos pela população feminina. O especialista enfatiza que, dentro de uma sociedade com distintos perfis de dieta, já estão estabelecidos impactos ambientais notáveis.
“Essas diferenças podem ser vistas como ponto positivo para o fortalecimento de perfis de dieta sustentáveis no país. Dados relacionados a grupos potencialmente subnutridos como os idosos, enfermos e grávidas também são de grande relevância, por fazerem uma considerável diferença nas pesquisas referentes ao impacto ambiental na saúde popular.”
Diferenças no Brasil – Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo, publicado em dezembro de 2012, mostra que o consumo de carne aumentou em cerca de 20%, entre os entrevistados. A ingestão excessiva do alimento foi observada em quase 75% das pessoas e o tipo de carne mais consumido foi a bovina, seguida de aves, porco e peixe. Foi constatado, ainda, que vem crescendo o consumo de carne processada, como presunto, toucinho e linguiça, principalmente entre os adolescentes.
A qualidade da dieta foi inversamente relacionada com o consumo excessivo de carne vermelha e processada pelos homens, o que revela uma baixa na qualidade da dieta masculina. O comportamento causou grande impacto ambiental em 2012, estimado em 18 milhões de toneladas de equivalentes de CO2. Tal representa cerca de 5% do total de CO2 emitido pela agropecuária brasileira em 2003.
Especialistas da universidade brasileira alertam que as carnes são boas fontes nutricionais, porém devem ser consumidas com moderação. O consumo excessivo de carne vermelha pode aumentar o risco de câncer de cólon e reto, doenças cardiovasculares, diabetes e excesso de peso. (Fonte: Terra)