A extração
O alumínio é um desses elementos da natureza que de tão incorporados no dia-a-dia muitas vezes as pessoas não se dão conta de onde é que ele vem. Mas antes do metal virar diversos produtos, sua matéria-prima, a bauxita, precisa ser retirada do campo e isso afeta a natureza e a vida do agricultor.
A Zona da Mata de Minas Gerais é também conhecida como mar de morros devido a paisagem bonita bastante característica da região do estado. Os pontos mais altos dessa ondulação ficam em torno de 650, 850 metros de altitude. Justamente onde ocorre grande parte da bauxita encontrada no local.
A bauxita é a matéria-prima do alumínio e a cadeia de montanhas, um reservatório desse minério, que se estende numa faixa de 38 km de largura e 300 km de extensão, vai do município de São João Nepomuceno até Manhuaçu. Por dentro de toda a morraria existe algo em torno de 150 milhões de toneladas de bauxita.
A convite do Globo Rural, o agricultor Gilmar Ribeiro acompanhou o trabalho que está sendo feito nas terras que arrendou para a mineradora em São Sebastião da Vargem Alegre. Os quatro hectares onde ele tinha pasto e umas 15 cabeças de gado ficaram irreconhecíveis. “Por um lado a gente assusta, a gente não estava acostumado, não esperava assim, de tanto barranco assim”.
A remuneração acima da média é o que tem atraído os agricultores e feito com que eles permitam a extração nas suas propriedades. O valor depende da quantidade de bauxita na área e da atividade que se tinha na terra. A empresa ainda promete recuperar o terreno depois.
“O processo de lavra leva, em média, de um mês até cinco meses. O processo de lavra realmente é muito rápido e depois vem o processo de reabilitação que aí sim leva em torno de três a quatro anos”, explica o engenheiro de minas – CBA, Christian Fonseca de Andrade.
Não tem jeito. Se quer o alumínio é preciso saber que o trabalho de extração gera uma cena que muita gente pode associar a uma destruição. Do local da extração é tirada a vegetação, removida toda a terra da superfície até chegar ao minério que está mais para baixo. Nessa região do Brasil, a bauxita geralmente é encontrada a uma profundidade que varia de 50 centímetros a dois metros.
A formação da bauxita se deu há bilhões de anos basicamente com os altos e baixos da temperatura, as variações de umidade e a ação do vento. O agrônomo Ivo Ribeiro, especialista em solos da Universidade Federal de Viçosa, diz que, por conta dessas intempéries, onde há bauxita, a terra é naturalmente fraca. “O ambiente tropical úmido, chuvoso, favorece a perda desses nutrientes, isso auxilia na formação bauxita. Ou seja, a ocorrência do próprio minério bauxita está condicionada à perda dos nutrientes”.
No processo de escavação, a máquina leva poucos minutos para encontrar a bauxita. São torrões de tonalidade mais clara que a terra. A partir de um determinado ponto, o minério pode chegar a uma profundidade de até 17 metros.
O trabalho de extração, no campo, resulta numa montanha gigantesca de argila, areia e bauxita. O material que ainda é bruto, vai passar por um processo de beneficiamento para separar o minério que representa 50% do total desse volume.
Na usina da Companhia Brasileira de Alumínio, em Miraí, uma sequência de esteiras se encarrega de fazer o trabalho. O que é descartado, fica na barragem de rejeito e a bauxita que jorra no final do processo ainda vai seguir para uma fábrica no estado de São Paulo. De cada 12 toneladas de bauxita que saem do local é possível fazer uma de alumínio.
Vale lembrar que a bauxita é um recurso não renovável e já que o solo onde ela se encontra é bastante frágil torna-se fundamental que a extração seja feita com planejamento ambiental, social e econômico.
Fonte: Globo Rural