Sonar de navios pode literalmente matar baleias de medo, mostra estudo

O sonar de um navio pode produzir um barulho ensurdecedor, variando entre 170 e 196 decibéis (Foto: Silver Leapers/ Wikimedia Commons)
O SONAR DE UM NAVIO PODE PRODUZIR UM BARULHO ENSURDECEDOR, VARIANDO ENTRE 170 E 196 DECIBÉIS (FOTO: SILVER LEAPERS/ WIKIMEDIA COMMONS)

Não é de hoje que cientistas sabem que o sonar de navios impacta a vida marinha. Mas apenas recentemente que um novo estudo publicado pela Royal Society B explica as causas e o impacto desse som nas baleias.

Os mamíferos marinhos são os que mais sofrem com o sonar. Atordoados com o barulho, os animais nadam milhares de metros e oscilam, mergulhando em direção ao fundo do mar e de volta à superfície. O resultado, segundo o estudo, é a união de um efeito doloroso de descompressão e bolhas de nitrogênio no sangue. O sonar de um navio pode produzir um barulho ensurdecedor, variando entre 170 e 196 decibéis.

Os sonares não eram muito comuns antes de 1960. Foi só depois, com o aparecimento de um tipo de sonar ativo de frequência média (MFAS), que o impacto na vida marinha piorou e baleias passaram a ser encontradas encalhadas e mortas em praias.

O estudo é um resumo do que foi discutido em um encontro de especialistas em baleias de bico, ainda em 2017, nas Ilhas Canárias. Segundo o trabalho, o impacto do som tem ligação com a presença de bolhas de nitrogênio no sangue desses animais.

Essas bolhas podem causar hemorragia e danificar órgãos vitais. O que acontece é bem parecido com o processo de descompressão que mergulhadores passam ao retornar para superfície muito rápido.

“Na presença do sonar esses animais ficam estressados e tentam fugir do barulho, mudando assim o padrão de mergulho”, conta uma das autoras do estudo, Yara Bernaldo de Quiros, para a agência de notícias AFP.

O impacto pode mudar de baleia para para baleia, mas é resultado de muita adrenalina no sistema. Os autores do trabalho notaram, também, que países que baniram o uso de MFAS no fundo do mar apresentaram uma melhora significativa na vida marinha. Exemplo disso são as Ilhas Canárias, que desde 2004 segue uma moratória do governo espanhol que restringe o uso de sonares.

Apesar do resultado positivo, muitos países ainda usam essa tecnologia. É o caso dos Estados Unidos, Grécia, Itália e Japão, por exemplo.

Fonte: Revista Galileu