Barragem de Brumadinho tinha problemas de drenagem, aponta laudo

Operações de resgate na lama após rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 28 de janeiro de 2019

A barragem I da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, que se rompeu no último 25 de janeiro, deixando 142 mortos e 194 desaparecidos, tinha problemas de drenagem, segundo um certificado de estabilidade que foi apresentado à companhia.

Vários meios brasileiros publicaram trechos do laudo de vistoria redigido em setembro passado pela empresa alemã TÜV SÜD. Dois engenheiros da empresa passaram uma semana presos junto com três funcionários da Vale, e foram soltos nesta terça-feira.

O documento mostra, com o apoio de fotos, que vários tubos de drenagem da barragem de rejeitos estavam parcialmente danificados e alguns “obstruídos pela vegetação”.

A estabilidade da barragem foi, no entanto, certificada, apesar de que o informe da TÜV SÜD continha uma lista de recomendações que a Vale deveria ter seguido.

A Vale alegou que tinha seguido todas as recomendações, que eram “rotineiras” neste tipo de laudo.

Nesta terça-feira (5), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ordenou a libertação dos dois engenheiros da companhia alemã, assim como dos outros três funcionários da Vale que foram presos em 29 de janeiro.

O STJ explicou que essas cinco pessoas “já prestaram declarações” e que “não há fundamentos” para suas detenções, apesar da “gravidade do fato ocorrido e da comoção social causada pela tragédia” de Brumadinho.

Em 25 de janeiro, o rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão, no estado de Minas Gerais, provocou um tsunami de lama que destruiu tudo em seu percurso violento de mais de nove quilômetros, antes de atingir o rio Paraopeba.

A prefeitura de Pará de Minas, a cerca de 40 km de Brumadinho, declarou nesta terça-feira estado de emergência devido à “contaminação” do rio que é a principal fonte de captação de água dessa cidade de 100.000 habitantes.

A tragédia deixou 142 mortos e 194 desaparecidos, segundo o último balanço provisório, divulgado na segunda-feira pelos bombeiros, que continuam trabalhando nas difíceis tarefas de busca dos corpos.

Na segunda-feira, uma decisão judicial determinou que a Vale não pode armazenar mais rejeitos em oito barragens.

A decisão implica o fechamento provisório da maior mina da companhia em Minas Gerais, a de Brucutu, cuja produção anual é estimada em 30 milhões de toneladas de ferro, 7,5% da produção prevista para 2019.

A Vale afirmou em um comunicado que “todas as barragens estão devidamente licenciadas e possuem seus respectivos certificados de estabilidade vigentes”, e anunciou que apelará da medida, considerando que “não existe fundamento técnico ou avaliação de risco que justifique uma decisão para suspender a operação de qualquer dessas barragens”.

Fonte: AFP