Cientistas estavam pessimistas quanto à sobrevivência da espécie de pomba Paraclaravis geoffroyi, conhecida como pararu-espelho. Isso porque a ave, típica da Mata Atlântica, está criticamente ameaçada de extinção desde 1994. Mas os especialistas estão agora mais esperançosos, pois encontraram novos indícios de que o animal ainda existe na natureza.
Liderada por estudiosos da Universidade Metropolitana de Manchester, na Inglaterra, a equipe formada também por brasileiros e argentinos publicou um artigo sobre os achados no último dia 29 de abril, no jornal científico Frontiers in Ecology and Evolution.
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Um dos últimos registros do pararu-espelho ocorreu em 2017, mas a ave tem sido relatada sem nem sequer uma foto ou gravação sonora. Para contornar isso, os cientistas reuniram dados pouco explorados dos avistamentos, na intenção de determinar sua possível distribuição, caso a pomba ainda exista.
Eles concluíram que é possível que haja exemplares ainda em áreas de floresta tropical no norte da Argentina. Além disso, os experts obtiveram vídeos e gravações inéditos dos pássaros, feitos por criadores amadores, uma vez que essa espécie era mantida antigamente em cativeiro.
A equipe conseguiu os arquivos após contatar o avicultor Carlos Keller, que também é um dos coautores do estudo. Ele criou pombos pararu-espelho por mais de 30 anos, antes que a criação privada das aves fosse considerada uma prática ilegal.
Além disso, os pesquisadores conseguiram finalmente saber como o canto do pararu-espelho soa. “Nossas chances de ouvir a espécie são obviamente baixas, mas implantar dezenas de gravadores de som autônomos perto de plantações de bambu e procurar as vocalizações ao longo das gravações leva o esforço de busca a um nível totalmente novo”, conta Alexander Lees, líder do estudo, em comunicado.
A Paraclaravis geoffroyi sofreu muito devido à devastação de seu habitat na Mata Atlântica. Mas os especialistas consideram também que proibir a criação em cativeiro dessas aves acabou favorecendo o declínio da espécie.
De acordo com Keller, na década de 1980, já se tinha a noção de que essa pomba era rara, mas sua distribuição na natureza era bem mais ampla, então ninguém percebeu o quão próximo da extinção o pararu-espelho estava.
Os autores do estudo esperam no futuro encontrar exemplares das aves na natureza e criar um programa de reprodução para salvá-las.”Minha esperança é que, embora esta seja uma espécie quase impossível de ver, ela ainda esteja lá fora e, esperançosamente, nossa pesquisa e os modelos que criamos possam ajudar a orientar as pesquisas para os lugares mais prováveis em que ela ainda possa estar aguentando”, afirma Keller.
Fonte: Galileu