Mônica Pinto / AmbienteBrasil
Entre as várias modalidades de turismo, vem se fortalecendo uma estranha à maioria, embora tenha o mérito de, diretamente, estimular a conservação dos recursos naturais. É o chamado orniturismo, que reúne os praticantes da observação de aves, mais conhecida por seu nome em inglês – birdwatching.
Para praticá-la, são necessários apenas paciência e um par de binóculos, já que os animais são apreciados em seu habitat natural. Estima-se que esse hobbie agregue hoje mais de 80 milhões de adeptos, concentrados nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Austrália, Japão e, em menor escala, em outros países.
O Brasil abriga o terceiro maior contingente de aves do planeta – com cerca de 1800 espécies -, perdendo apenas para Colômbia e Peru. Não é de admirar, portanto, que gente de todos os continentes visite o país para desfrutar desse contato com uma natureza cuja marca é a exuberância.
Mas com o interesse crescente dos brasileiros, o orniturismo viceja. Antes restritos à Amazônia e ao Pantanal, os observadores de pássaros agora espalham-se do Sul ao Nordeste.
“O brasileiro tem um grande amor por suas aves”, diz Guto Carvalho, coordenador do Avistar, rede que une observadores e ornitólogos de todo o Brasil. “Muitos gostam de saber o nome daquele passarinho que canta na madrugada de São Paulo, marcando o início da primavera, ou o nome daquele passarinho amarelo que bica as flores nos vasos da varanda do seu prédio”, ilustra ele, para quem o incentivo à observação passa pela informação.
Com esse foco, a Avistar uniu-se ao Centro Universitário Senac na promoção do 1º Encontro Brasileiro de Observação de Aves, de 31 deste mês a 3 de junho. O evento ocorre no campus Santo Amaro, à avenida Engenheiro Eusébio Stevaux, 823 – Santo Amaro (SP) (confira link para a programação completa no final da matéria).
Unindo lazer, terapia anti-estresse e esporte, o birdwatching deve ser mesmo incentivado, pois, além desses benefícios, desperta em todos os praticantes a conscientização ambiental. “Como a atividade é de observação e precisa ter um guia especializado acompanhando, os recursos naturais não são degradados. Eles servem de cenário para o praticante, que passa a ter a consciência da importância da fauna e da flora à sociedade, buscando, a partir deste momento, uma maior valorização e preservação do meio ambiente”, diz o professor Edson Mello, do Centro Universitário Senac.
E que ninguém nem cogite em mostrar a um orniturista sua “coleção de passarinhos”. Observadores de aves apreciam vê-las exclusivamente em liberdade – nada de gaiolas ou viveiros. “O tráfico de aves silvestres, aliado à diminuição dos habitats, é a maior ameaça à conservação de espécies nativas”, adverte Guto Carvalho, que espera, com a realização deste primeiro evento, despertar novos adeptos para a apreciação da natureza em seu estado puro. Sua expectativa é que o encontro possa também agir culturalmente para que, ao longo dos anos, diminua o interesse por aves em cativeiro.
Confira a programação do I Encontro Brasileiro de Observação de Aves