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Queimadas já consumiram 12% do Pantanal – e tendência é piorar
De janeiro até o final de agosto, o fogo no Pantanal brasileiro já havia queimado uma área correspondente a 12 cidades de São Paulo – 18.646 km2, cerca de 12% da área total do bioma –, segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O Inpe também detectou 10.316 focos de queima desde o início do ano até 3 de setembro, o maior número para o período desde o início dos registros, em 1998.
E a tendência é que os números sigam aumentando – setembro é o mês com a média mais alta de focos e a chuvas costumam chegar na segunda metade de outubro. Pelo menos em Mato Grosso, 95% da destruição ocorreu em áreas de vegetação nativa: campos de gramíneas e ervas, florestas, palmerais, arbustos e toda a fauna que se aproveita desses ecossistemas perdidos para as chamas, segundo o Instituto Centro de Vida (ICV).
Há dois anos, o Pantanal vem recebendo menos chuvas, até que 2020 registrou a maior seca em 47 anos, superando os números registrados na década de 1960. Mesmo o período chuvoso recebeu a metade das precipitações esperadas. Segundo Cátia Nunes da Cunha, professora aposentada da Universidade Federal de Mato Grosso e pesquisadora do Centro de Pesquisas do Pantanal, foi essa somatória de elementos – seca recorde, acúmulo de biomassa inflamável e ação humana – que resultou no maior incêndio já registrado no bioma.
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Semiáridos latino-americanos trocam conhecimentos para se adaptar às mudanças climáticas
O Semiárido do Nordeste brasileiro, o Grande Chaco Americano — compartilhado por Argentina, Bolívia e Paraguai — e o Corredor Seco da América Central participam do DAKI-Semiárido Vivo, iniciativa financiada pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), da ONU.
A ação é executada pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), a Fundação Argentina para o Desenvolvimento pela Justiça e pela Paz (FUNDAPAZ) e pela Fundação Nacional para o Desenvolvimento de El Salvador (FUNDE).
Em agosto (18), representantes dessas organizações reuniram-se em evento online para o lançamento do projeto, com divulgação de casos de sucesso, cujo foco são territórios de áreas secas que enfrentam crescentes processos de desertificação e são afetadas pelo aumento da temperatura do planeta e pela ocorrência de eventos climáticos extremos.
Como alimentar 10 bi de pessoas? Robôs ‘fazendeiros’ e frutas que demoram a amadurecer podem ajudar
Ainda aumentando, a população global poderá chegar, segundo estimativas, a 10 bilhões de pessoas em 2050. Para alimentar tanta gente, vamos precisar produzir uma quantidade recorde de alimentos.
A dimensão desse desafio é épica. Com apenas 30 temporadas de plantio e colheita restantes até que a população atinja o marco de 10 bilhões, fica claro que a agricultura como conhecemos hoje precisa mudar, se quisermos ter esperança de alimentar o planeta. Essa transformação tão necessária – não apenas da agricultura, mas de toda a nossa cadeia de suprimento de alimentos – já está em andamento.
Com iniciativas de robôs fazendeiros, formulados para ajudar agricultores com fotografias georreferenciadas, realizar pulverização nas plantações e plantio de culturas. Além de campanhas para evitar o desperdício de alimentos, em todo o processo produtivo e técnicas para retardar o amadurecimento das frutas.
Por que extinção de parasitas que causam doenças deixa cientistas em alerta
Os parasitas — que obtêm seu sustento de outros organismos vivos — foram historicamente associados a doenças e têm poucos defensores, apesar de estarem seriamente ameaçados.
Essa má imagem se deve, em parte, ao fato de que “a experiência que a maioria das pessoas tem com parasitas é tê-los dentro do próprio corpo, ou em familiares e animais de estimação”, explica Chelsea Wood, especialista em ecologia de parasitas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
Os serviços que eles prestam à natureza, por outro lado, são inestimáveis. Entre eles, existem aqueles que, como predadores, mantêm a abundância da população de seus hospedeiros sob controle.
As vespas parasitoides, por exemplo, atuam como controles biológicos de insetos que são pragas para a agricultura, “permitindo-nos economizar bilhões de dólares por ano neste setor” da economia, explica Skylar Hopkins, professora de Ecologia Aplicada da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e coautora da pesquisa publicada na revista Biological Conservation.
#NãoVolte: CEOs lançam campanha para que o mundo não volte ao normal
Em 2009, o cientista sueco Johan Rockström, da Universidade de Estocolmo, liderou um grupo de pesquisadores que publicou um estudo chamado Fronteiras Planetárias. O trabalho, atualizado seis anos depois, apresenta 9 critérios ambientais que tornam possível a vida humana. Esses critérios, ou fronteiras, funcionam em conjunto. Um desvio em qualquer um deles influencia nos demais. Mais importante ainda, o trabalho de Rockström determinou métricas de acompanhamento das fronteiras e um limite para elas. Se ultrapassado, as consequências serão desastrosas.
O estudo caiu como uma bomba entre os formuladores de políticas públicas, empresários e investidores. Pela primeira vez, foi possível quantificar, numa linguagem universal, a interferência da humanidade no funcionamento do planeta. Os dados não são bons. Três fronteiras já apresentam indicadores acima do limite: mudanças climáticas, ciclo de nitrogênio e perda da biodiversidade. A conclusão a que todos chegaram é: precisamos salvar o planeta.
Rockström, de certa forma, discorda. A questão não é salvar o planeta, mas sim, salvar a humanidade. “O planeta não dá a mínima importância para o que está acontecendo”, afirmou o cientista, em entrevista exclusiva à EXAME. “A Terra vai continuar a existir independentemente do que a humanidade faça. Nós não”. O raciocínio é simples. O mundo existe há mais de 4 bilhões de anos. Nesse período, passou por todo tipo de temperatura, enfrentou erupções vulcânicas, terremotos e até asteróides. O ser humano moderno, bípede e com polegar opositor, está aí há cerca de 50 mil anos, quase uma fração insignificante de tempo.
A boa notícia é que há uma zona de segurança em que a humanidade consegue promover o desenvolvimento econômico, sem alterar o perfil geológico do planeta. Basta fazer alguns ajustes, como eliminar o uso de combustíveis fósseis, combater as desigualdades sociais, reduzir ao máximo o uso de plásticos, entre outras iniciativas “verdes”. E um grupo de mais de 30 CEOs e dezenas de executivos e representantes de organizações sociais está empenhado em fazer isso acontecer.
Projeto em SP incentiva a produção de alimentos orgânicos para proteger uma das maiores fontes de água do mundo
Para proteger o aquífero Guarani, em São Paulo, pesquisadores e agricultores criaram um projeto para evitar o uso de agrotóxicos e recuperar florestas.
O Guarani é capaz de armazenar trilhões de litros d’água nos poros de uma rocha chamada arenito. De acordo com a geóloga Ana Paula Justo, do Serviço Geológico do Brasil, o arenito é formado por grãos de areia de um deserto que existiu na região de Botucatu, interior de São Paulo, milhões de anos atrás.
Atualmente, o aquífero tem passado por uma diminuição das suas reservas e, por isso, muitos agricultores estão aprendendo a conservar esse gigante.
As escolas ao ar livre de 100 anos atrás que podem inspirar volta às aulas na pandemia
Diante da ameaça de uma doença transmitida pelo ar, potencialmente mortal e ainda sem a oferta de vacina, como colocar as crianças de volta nas escolas de modo seguro? O dilema, tão atual, foi enfrentado também há um século, quando a tuberculose era um mal devastador.
No final do século 19, a doença bacteriana matava um a cada sete cidadãos da Europa e dos EUA, segundo dados dos Centros de Controle de Doenças (CDCs) americanos. A vacina chegou em 1921 (no Brasil, em 1927), mas levaria muitos anos até que fosse adotada de modo massivo no mundo inteiro.
Para proteger as crianças nas escolas, uma solução foi usar espaços abertos como salas de aula: com lousas e carteiras portáteis, alunos e professores ocupavam jardins e usavam a observação da natureza para aprender sobre ciências, arte ou geografia, por exemplo.
A surpreendente inteligência dos corvos
Um grupo de cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, observou com espanto quando a ave pegou espontaneamente com o bico um pedaço de arame na gaiola e, na sequência, usou um objeto próximo para dobrar uma de suas extremidades, transformando o arame em uma espécie de gancho.
Os cientistas ficaram inicialmente surpresos com o comportamento de Betty, o corvo que estava sendo observado, porque parecia que ela tinha criado o design da sua ferramenta de improviso, como um engenheiro que inventa uma máquina nova.
Recentemente, foi demonstrado que um corvo aplica suas habilidades cognitivas à solução avançada de problemas, e não apenas com estímulos para sua própria sobrevivência. É uma situação que o pássaro nunca encontraria na natureza, mas ele se destaca da mesma forma.