Chuvas deixam quase 10 mil fora de casa no litoral paranaense

As chuvas que começaram na madrugada de sexta-feira (11) já afetaram 18.518 pessoas e quase 10 mil tiveram que deixar suas casas. No início a noite desta segunda-feira (14), Guaratuba decretou situação de emergência em razão das fortes chuvas que atingiram o Litoral paranaense. Paranaguá já havia decretado emergência e Morretes decretou estado de calamidade pública.

Para quem precisa pegar a estrada terá que de ter muita paciência. A BR-376, que liga Curitiba a Santa Catarina, está totalmente interditada por causa de novas quedas de barreiras que ocorreram nesta segunda. O percurso entre Curitiba e o litoral pode durar até 8 horas, segundo a Polícia Rodoviária Federal. O tempo normal varia entre 1 hora e 1h30. A BR-277 e a PR-410 (Estrada da Graciosa) são as opções para quem precisa deixar o litoral do Paraná. A recomendação é para pegar a estrada somente em casos de extrema necessidade, pois há lentidão e riscos de novos deslizamentos.

As cidades já enfrentam falta de água mineral e de gasolina. Em Paranaguá, as aulas foram suspensas e o número de veículos do transporte coletivo em circulação foi diminuído. Em Morretes, as atividades escolares não devem ocorrer pelo menos até a próxima segunda-feira (21). O total de pessoas desalojadas em Antonina dobrou de domingo para segunda – passando de 300 para 600, de acordo com o último balanço divulgado pela Defesa Civil, às 16h45 horas desta segunda-feira (14). Duas mortes foram confirmadas.

Situação em Antonina e Morretes – O número de pessoas desalojadas em Antonina dobrou entre domingo e segunda, de acordo com a Defesa Civil. Foram afetados 1.500 moradores, sendo que 600 estão desalojados e 150 desabrigados. As chuvas danificaram 300 residências e destruíram outras 20.

As três agências bancárias de Morretes não funcionaram nesta segunda-feira (14). Além de estarem fechadas, os caixas eletrônicos das agências da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Itaú foram danificados pelas fortes chuvas que atingiram o litoral e também não podiam ser utilizados pela população. Uma solução encontrada pelos moradores era pagar contas na única lotérica do município. Para quem é cliente da caixa econômica, o estabelecimento também era utilizado para saques. Havia longa fila nessa lotérica na tarde desta segunda.

Água, gasolina e determinados alimentos começam a faltar no litoral do Paraná. A interdição na BR-277 entre sexta-feira (11) e domingo (13) fez com que fornecedores dos supermercados de Antonina não conseguissem chegar ao município. Com isso, a situação na cidade é de que determinados alimentos começavam a faltar. Em alguns comércios faltavam biscoitos, em outros carnes e ainda alimentos de preparo rápido. Apesar da situação, não se pode afirmar que faltam alimentos na cidade. Como foi dito, há dificuldade para encontrar produtos pontuais.

O grande problema de Antonina é de que não há água mineral para se comprar na cidade. Os moradores podem conseguir alimentos, água e leite na estrutura montada pela Defesa Civil, na Estação Ferroviária.

Outro ponto de distribuição de água é em um colégio na Ponta da Pita, segundo a Defesa Civil. No local funciona uma escola municipal e um colégio estadual. O endereço é Rua Engenheiro Luiz Augusto Leão Fonseca, 923.

Além disso, não há gasolina nos postos de combustível. Os motoristas encontram apenas álcool.

A região mais afetada em Antonina pela chuva foi a do bairro Laranjeiras. O que se pôde observar logo na chegada ao município é de que há muitas casas soterradas. As ruas próximas à rodoviária estão cheias de barro, porém, os veículos ainda conseguiam passar com dificuldades.

A Defesa Civil havia liberado a entrada dos moradores da região do Mirante das Pedras, no Centro, em suas casas, para que tentassem salvar alguns pertences. A autorização foi suspensa porque havia risco de deslizamentos de terra e de pedras do morro.

1,5 mil casas novas – Será necessário construir 1.500 casas para atender todas as pessoas atingidas pelas chuvas em Antonina, disse o prefeito da cidade, Carlos Augusto Machado, na tarde desta segunda-feira (14). De acordo com o último boletim divulgado pela Defesa Civil, cerca de 750 pessoas tiveram que deixar suas casas. Mas este número deve subir, porque muitas famílias devem ser retiradas de áreas de risco.

O prefeito Carlos Augusto Machado disse que segue nesta terça-feira para Brasília, onde deve se reunir com senadores da bancada paranaense, para negociar a liberação de verba para a reconstrução da cidade. “Ainda não temos uma estimativa de quanto de dinheiro será necessário, mas há muita coisa para fazer. É praticamente construir uma cidade nova”, disse.

Além da destruição deixada pela enxurrada, a população enfrenta falta de água. A rede que liga a estação de captação à estação de tratamento foi destruída em um ponto cerca de quatro quilômetros antes de chegar à cidade. Depois que os técnicos fizeram os reparos, novos deslizamentos, na noite de domingo, voltaram a danificar a rede. Mais de 50% do município está sem abastecimento. Segundo o prefeito, a estimativa era que toda a cidade voltasse a ser abastecida até o final desta segunda-feira.

Outro problema da cidade é a falta de alguns produtos, entre eles água mineral. Além disso, era difícil encontrar gasolina nos postos de combustível. A região mais afetada em Antonina pela chuva foi a do bairro Laranjeiras, onde muitas casas ficaram soterradas. As ruas próximas à rodoviária ficaram cobertas de barro.

Calamidade pública – Morretes decretou estado de calamidade pública na tarde de domingo, de acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. O chefe da seção operacional, capitão Eduardo Gomes Pinheiro, informou que a atitude foi tomada porque o município não estava conseguindo dar conta sozinho da situação. Além disso, trata-se de uma sinalização ao governo federal de que é preciso maior apoio e repasse de recursos.

Apesar da situação, o comércio de Morretes não estava com tantos problemas como o de Antonina. Ainda não havia registro de desabastecimento no município. A situação mais caótica estava na zona rural.

Situação em Paranaguá – As aulas da rede municipal, estadual e particular foram suspensas nesta segunda-feira (14) em Paranaguá em razão da falta de água tratada. O abastecimento continuava interrompido para 100% da cidade na manhã desta segunda-feira, segundo o diretor da empresa Água de Paranaguá, Mário Miller. Ele explica que a chuva levou lama e detritos para os mananciais, onde é feita a captação da água.

“Nossa estação não consegue tratar a água pois analises apontaram 100 vezes mais barros e detritos na água do que antes da chuva”, disse. A previsão inicial de que 25% do abastecimento seja retomado até a terça-feira (15) e pelo menos 50% seja normalizado até o fim de semana.

Enquanto isso, os moradores estão sendo atendidos por 10 caminhões-pipas que estão buscando água em uma área de captação em Praia de Leste, em Pontal do Paraná.

Foram instaladas caixas d’água em cinco pontos da cidade: Aeroparque, no bairro Nilson Neves (no Corpo de Bombeiros – Rua Bento Munhoz da Rocha Neto), na Praça da Vila Cruzeiro, na Praça da Paz (Rua Manoel Correia) e na Ilha dos Valadares (Praça da Matriz).

A falta d’água afetou também o atendimento no Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá. As cirurgias eletivas foram suspensas e o hospital atende apenas os casos emergenciais. Caminhões-pipa estão levando água para o hospital a cada três ou quatro horas.

Alguns estabelecimentos comerciais estão cobrando até R$ 50 por galões de 20 litros de água mineral. A população também deve denunciar, por recomendação do Ministério Público, preços abusivos que estejam sendo praticados na venda de galões de água. As denúncias podem ser feitas para a Polícia Militar. O órgão ainda reitera que a água seja usada especialmente para consumo, alimentação e higiene pessoal, sendo evitadas outras atividades.

Appa informou na tarde desta segunda-feira (14) que disponibilizou todo seu estoque de água para doar à população de Paranaguá. Cerca de um milhão de metros cúbicos foram colocados à disposição da Defesa Civil na cidade para ajudar a população que sofre com a falta de abastecimento de água desde sexta-feira (11).

Desde sábado, a Appa interrompeu o abastecimento de água nos navios para poder destinar seu estoque à população da cidade.

A população também enfrenta o desabastecimento de combustível. Em alguns postos já não se encontra mais gasolina, e nos que ainda resta combustível é grande a fila para abastecer. Com isso, a empresa Viação Rocio reduziu o número de ônibus do transporte coletivo. Confira as linhas afetadas. A falta de energia elétrica atingia 439 domicílios até a manhã desta segunda, a maioria na zona rural do município e no Morro Inglês.

Fornecimento de luz e água – De acordo com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), o número de residências sem energia no litoral era de 1.351 nesta segunda-feira. Só em Paranaguá eram 439 unidades na zona rural e no Morro Inglês. Em Morretes, Guaraqueçaba e Antonina eram 912 domicílios sem energia.

Equipes da Copel substituíram 23 postes em todo o Litoral nesta segunda(14) e outros 45 devem ser repostos nos próximos dias nas regiões mais afastadas das cidades.

A falta de água atingia 100% da cidade de Paranaguá e 50% de Antonina. Em Morretes a Sanepar retomou as atividades da estação de tratamento na noite de sábado (12), mas até esta segunda o abastecimento não havia sido restabelecido para todos os bairros. (Fonte: Gazeta do Povo/PR)