O Parlamento Europeu aprovou nesta quinta-feira (08/10) uma proposta para reduzir as emissões que geram as mudanças climáticas. A nova meta prevê um corte de 60% nas emissões de CO2 da União Europeia (UE) até 2030, aumentando a meta sugerida pela Comissão Europeia de uma redução de 55% em relação aos níveis de 1990.
Em sessão plenária em Bruxelas, e não em Estrasburgo devido à pandemia de covid-19, os eurodeputados aprovaram a mudança por 392 votos a favor, 161 contra e 142 abstenções. Eles esperam agora que os Estados-membros do bloco não tentem diluir a meta nas próximas negociações.
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Com a meta atual prevendo um corte de 40% nas emissões até 2030, muitos líderes nacionais consideram a redução de 60% ambiciosa demais.
A Comissão Europeia havia proposto um corte de pelo menos 55%, mas os eurodeputados, desejando evitar uma redução muito menor que esse índice, acabaram aprovando uma lei climática mais abrangente e, com isso, esperam pressionar os países a manter ao menos a meta de 55%.
Os parlamentares europeus aprovaram também a ambiciosa meta de alcançar a neutralidade climática até 2050, ou seja, zerar o nível de emissões líquidas de carbono até a metade do século, e tornar assim a Europa o primeiro continente do mundo a alcançar esse objetivo.
O Parlamento pediu ainda que os países do bloco eliminem “os subsídios diretos ou indiretos às indústrias fósseis” até 2025, e solicitou à Comissão Europeia que proponha um novo objetivo de emissões para 2040.
A lei completa, que inclui a nova meta de corte de emissões para 2030, foi aprovada por uma maioria de 231 votos a favor.
A relatora da nova legislação, Jytte Guteland, do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), saudou a votação, realçando que a aprovação “envia uma mensagem clara à Comissão e ao Conselho, tendo em vista as próximas negociações”. “Esperamos que todos os Estados-membros atinjam a neutralidade climática, o mais tardar, até 2050”, sublinhou.
Cabe agora ao Conselho Europeu aprovar a nova meta, um processo nada fácil devido à dependência de certos países europeus em indústrias fósseis. Até agora, apenas poucos países expressaram apoio à proposta dos eurodeputados.
Com uma forte indústria de carvão, a República Tcheca, por exemplo, já havia se oposto ao corte de 55% proposto pela Comissão Europeia e disse que precisava de uma análise econômica detalhada para decidir se aprovaria novas metas.
As reduções de emissões de gases que causam o efeito estufa são essenciais para desacelerar o processo de mudanças climáticas, mas cientistas, políticos e industriais discordam sobre o quão urgente e radical esse corte precisa ser para evitar um aquecimento global acima de 1,5 °C, conforme estabelecido no Acordo de Paris.
Fonte: Deutsche Welle